Vamos por partes: o pressuposto inicial é que você acabou seu texto, já fez uma revisão bem precisa (coerência e coesão), garantiu que seu texto não tem erros ortográficos primários e que não há mais nada a fazer, de sua parte, para melhorar o trabalho. Ou seja, para você, está pronto. Siga os passos…
Passo 1: Registre o Texto na Fundação Biblioteca Nacional
Registre o texto com um título que contenha numeração, exemplo: A Saga de Pedro Poro V1 (sendo que V1 representa a primeira versão). Isso porque a editora pode querer alterar o título, mudar o conteúdo ou qualquer outra coisa que se faça necessário, mas o assunto essencial estará resguardado, compreendeu?
Passo 2: Aguarde o Número de Protocolo
Espere até que você receba o número de protocolo do registro. Isso é essencial para garantir que seus direitos autorais estejam protegidos antes de enviar o texto para qualquer editora.
Passo 3: Prepare uma Lista de Editoras
Pesquise editoras que tenham publicações na mesma linha que seu texto. Não adianta mandar um texto de receitas culinárias para uma editora que só publica dicas de arquitetura! A pesquisa é básica. Tenha em mente editoras grandes, médias e pequenas, e também formas alternativas de publicação, como impressão sob demanda, livro em formato digital, audiobooks, etc.
Passo 4: Prepare um Mini-Currículo e uma Carta de Apresentação
Com “mini” estou dizendo coisas do tipo: nome, idade, formação acadêmica (não precisa citar toda a formação, mas o “pé” em que está, como “Estudante de Letras” ou “Conclusão de Ensino Médio”), cidade onde mora e outras publicações, se existirem. Se você escreve para o jornal de bairro, um blog, uma revista, coloque o link ou o endereço. Se o seu livro está relacionado a algo técnico, é importante que cite seu conhecimento na área. Por exemplo, um texto chamado Lidando com a Dor… No mini-currículo, diga claramente que você é médico com experiência de 15 anos de consultório. E sim: coloque link para todas as suas redes sociais, se possível, com o número de seguidores. Isso, hoje, é mais relevante do que a qualidade do seu texto em alguns lugares. (É vixe atrás de eita nessa nossa sofrida vida de escritor.)
Passo 5: Prepare o Original
Faça uma capa; numere as páginas, faça um rodapé com o nome do texto e ponha seu nome ao lado. Escreva a palavra FIM no final. Parece estranho, não é mesmo? Já vi texto que não parecia ter fim; a impressão é que veio sem a folha final… Salve seu doc em PDF. Em PDF. Em PDF. EM PDF. Você entendeu que é em PDF? Que bom.
Sobre a Carta de Apresentação
Inicialmente, pensei em escrever um modelo de carta*** de apresentação para que você completasse. Mas…
Repensando, imaginei que gostaria de explorar o que editores esperam saber sobre um texto, antes que você simplesmente copiasse-colasse-modificasse-enviasse uma carta às editoras.
Isso me leva a crer que seu interesse é entender um pouco mais sobre o mercado editorial. Se você escreve, se tem o desejo de publicar — porque, pasme… muitos escritores não querem ter suas obras publicadas! — deve conhecer o comportamento do mercado. Bem, o sonho de todo editor é publicar um livro que renda muito, que fique na lista dos mais vendidos por um ano, que traga prêmios, que dê “filhotes”, que seja notícia, que gere polêmica, que se mantenha, que sirva de referência, que gere críticas, ou, no mínimo, que se pague…
Publicar não é tão simples assim… Os custos são altos; trata-se de um mercado de apostas. Um editor escolhe, dentre milhares de possibilidades, apenas uma para investir tempo de preparo do original, tempo e dinheiro com as questões operacionais, dinheiro e esforços publicitários, dinheiro e mais dinheiro com logística e acertos entre as distribuidoras e livrarias.
Claro que compensa… Se o livro for aceito…
Preste atenção: não me refiro ao fato de um livro ser “bom” ou “ruim”. Eu disse aceito e quem determina isso, no final das contas, é o leitor (obviamente, com a ajuda da mídia, do marketing e da rede de contatos dos envolvidos).
Assim, vamos pensar de maneira bem rasa: um editor recebe um texto de um escritor não-publicado e deve decidir se vai considerar uma edição.
Isso, meu amigo. Considerar.
Suponha que você tenha escrito um livro sobre origami. Suponha também, que eu, editora que recebi o texto, tenha uma filha pequena que esteja na escola justamente aprendendo a fazer dobraduras… Concorda que olharei para o texto com uma certa referência emocional?
Pois bem. Acontece que o mercado pode estar saturado de livros sobre origami, ou, de uma forma que nunca iremos entender claramente, não há uma tendência para livros sobre origami.
Resumo da Ópera
O mercado editorial é complexo e cheio de nuances. O importante é você entender que, além de um bom texto, é necessário estratégia, pesquisa e preparação. Siga os passos descritos, mantenha-se informado sobre o mercado e, acima de tudo, continue escrevendo e aprimorando suas habilidades.
*** Ok. Minha consciência pesou. Vou fazer um modelo de carta para o Editor... Me cobrem a publicação de um novo artigo. UMPF!
- Fundação Biblioteca Nacional – Registro de Obras
- Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU)
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