Tudo bem, eu te entendo. Você tem 1000 coisas para fazer por dia e não tem tempo para mais nada e sua história ficou em último plano. Sim, estou com você, de forma solidária.
Agora podemos sair do terreno das desculpas e passar para a ação? Ótimo.
Se está lendo isso, eu aposto que está na frente de um computador. Poderia ser um celular, um iPad, um notebook, mas de qualquer forma, é um aparelho que serve ao seu propósito, o qual é o de escrever.
Claro que não recomendo que redija o novo Crepúsculo no teclado de um Blackberry; nesse caso, um bloco de notas e uma caneta servirão, perfeitamente.
A primeira coisa a fazer, é ser absolutamente honesto: quanto tempo por dia você gasta no WhatsApp, esculpindo uma frase em 140 caracteres para o X-Twitter ou “lendo, editando, compartilhando” piadas e textos via emails?
Comecei com o mais comum, mas não com o mais frequente… É possível que seus minutos estejam sendo sugados “pelas marmotas malvadas do filme Feitiço do Tempo”, enquanto você procura por um colega de escola, conversa num chat, ou bate palmas para os malucos dançarem, nos fóruns. Errei? Você, e só você, não faz isso, certo?
Todos estamos nessa. O tempo, aquele do qual precisamos para realizar os nossos objetivos, parece ficar fora do controle, quando temos… tempo! Isso porque, quando a coisa é séria e seu superior pede um relatório “para ontem”, ele é produzido em 35 minutos! Mas sobra de tempo, isso, sim, é problemático.
Então, concluímos que não nos falta tempo para escrever — fazemos isso a cada postagem no Linkedin, a cada microfrase no Twitter. A questão é o bom uso do período que temos, independente de ser curto ou longo.
Daí, a segunda conclusão: no que isso difere da construção da sua história?
Quando explica que passou o final de semana em Penedo, com a Marcia e o Paulo, “(…) aqueles que casaram no ano passado, lembra? Não? A Marcia, que é loira e muito alta…? Sabe?” e espera a resposta do interlocutor para a continuação do seu diálogo, “construiu” um pequeno enredo. E se entrar em detalhes, estará cuidando da trama.
Muito bem: faça isso com a sua história!
Minha sugestão é que divida seu dia — ou seus dias — em blocos de 10 minutos e trabalhe no planejamento do seu texto, o que, para a maioria dos escritores, é o mais complicado. (Olhe, não explicarei nesse post que uma história sem planejamento, é um barco sem comandante… Isso fica para uma próxima postagem, certo?)
Podemos fazer um teste?
- 10 minutos para contar, em um ou dois parágrafos, sobre a ideia geral do seu texto. O resultado disso é uma sinopse;
- 10 minutos para dividir a sinopse em 4 partes. Dê um título a cada uma delas. Cada um dos blocos será chamado de ato;
- 10 minutos para dedicar-se a um dos atos, dividindo-o em partes menores, das quais sairá um esboço de capítulos. Não é nem necessário que comece pelo primeiro ato, ou faça isso em sequência. Às vezes, temos mais certeza de um final, do que do meio da história. As peças irão juntar-se no final, confie em mim;
- 10 minutos para levantar, de cada capítulo, os pontos fortes. Estes moldarão suas cenas.
Pausa de, ao menos dois dias, sem abrir o arquivo de planejamento, ou o bloco de notas… Depois:
- 10 minutos para rever sinopse, atos e capítulos. Agora é hora de consertar a rota, se for preciso;
- 10 minutos para rever as cenas, agora, encaixadas corretamente;
- 10 minutos para biografar cada personagem de sua história. Prepare fichas individuais com as principais características e use quantos “10 minutos” precisar;
- 10 minutos para definir, genericamente, os locais e ambientes. Organize seus arquivos, ou imprima roteiros, mapas e fotos.
Pronto! Você concluiu o planejamento e pode se dedicar a pesquisar, detalhar, escrever e terminar o texto.
Quanto tempo isso levará? Minha conta somou uma estimativa de 4 atos, 4 capítulos em cada ato, com 4 cenas em cada capítulo e 5 personagens… Isso deu 420 minutos, ou 7 horas! Que tal transformar em uma hora por dia e, em uma semana, preparar seu esboço para começar a escrever?
Agora, tem condições de decidir como e em quanto tempo, escreverá a história toda.
Eu, por exemplo, trabalho em cenas, nem sempre na mesma ordem planejada, mas isso pode parecer confuso para quem não tem muita prática com esboços.
Não importa: o pulo do gato é concentrar-se em seguir a rota que traçou, como se fosse um plano de viagem, um guia.
Numa viagem, podemos visitar um Museu antes de ir à praia, ou ao contrário e isso só depende da nossa disposição naquele momento. Com o texto, é exatamente igual.
Segure o seu guia com as duas mãos e vá em frente!
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